Jana Rosa

Chegando aos 30? A guru pop brasileira Jana Rosa revela como lidar com a chegada dessa idade importante.

EM HERÓIS GLOBAIS NÓS COLOCAMOS OS HOLOFOTES SOBRE AS ESTRELAS CELEBRADAS REGIONALMENTE QUE ESTÃO CAUSANDO UM IMPACTO GLOBAL.

Jana Rosa é a guru pop brasileira pioneira em algumas ideias simples: igualdade, inclusão e Autoaceitação. Mas quando você batalha contra uma tendência de mitos de beleza ultrapassada e expectativas pouco realistas, o desafio é colossal.  Depois de explodir a blogosfera com a sua pegada bem-humorada à moda, Jana começou a apresentar o seu próprio programa na MTV, antes de assinar a coautoria do livro genial, Como ter uma Vida Normal Sendo Louca.

Nada mau para alguém que acabou de completar 30 anos – o que também é o mote de seu segundo livro, que deverá ser publicado ainda este ano. Então, por que as mulheres se sentem tão pressionadas nessa idade crucial e o que podemos fazer para que elas se sintam melhor? Jana nos revela o segredo...

Olá Jana. Por que decidiu escrever um livro sobre a chegada aos 30 anos de idade?
JANA: "Quando completei 28 anos, achei que estava ficando louca e então decidi viajar por um tempo. Depois de ler tudo quanto foi coisa sobre a chegada aos 30 anos, eu me dei conta de que o que eu sentia não era nada doido, mas sim algo que era parte de uma transformação maior. As coisas mudam e nós começamos a querer algo diferente. Quando voltei ao Brasil, meu editor entrou em contato comigo e com a minha amiga Camila Fremder, pedindo que escrevêssemos mais um livro juntas e então nós duas decidimos concentrar esse trabalho sobre o tema da virada para os 30 anos. Achamos que podia nos ajudar e ajudar outras pessoas".

Muitas mulheres se preocupam com a aparência à medida que ficam mais velhas; isso é algo que vocês exploram no livro?
JANA: “As nossas percepções em torno da idade mudaram.  Nos anos 90, enquanto eu crescia no Brasil, lembro-me de ler um monte de "regras" de moda - o que se pode e não se pode usar depois dos 30. No entanto, quando conversei  respeito com minha avó, que tem 94, ela me disse exatamente o contrário, que ter 30 anos é o período mais empolgante da vida da gente.E é verdade. Você ainda é superjovem, mas já não faz as mesmas coisas tolas que fazia quando era mais nova. Você já não é tão insegura. Você sabe como fazer a sua maquiagem e o que fica bem em você”.

As percepções sobre a beleza são diferentes no Brasil em comparação com outras partes do mundo?
JANA: “Acho que o Brasil é o país número um cirurgias plásticas. Há uma pressão real em ter aparência jovem.  Neste momento, estou em Berlim e aqui as pessoas não sentem essa pressão e, claro, em resultado disso elas parecem mais bonitas! Porque são tão livres, elas parecem muito mais jovens. Nós temos uma presidente mulher no Brasil, Dilma Roussef. As pessoas falam muito sobre o trabalho dela, mas raramente sem mencionar também a aparência dela. As opiniões políticas são misturadas constantemente com misoginia. As mulheres no Brasil têm que ser bonitas, jovens e bem-comportadas”.

“Eu tenho que usar a minha plataforma para compartilhar as minhas opiniões e promover as ideias certas sobre igualdade e empoderamento”.

Você enfrentou muito negativismo por expressar abertamente as suas opiniões?
JANA: “Sempre haverá pessoas na Internet que deixam comentários negativos, mas eu já era blogueira de moda há dez anos, então estou acostumada. É ótimo poder escrever e compartilhar as coisas que eu acho importantes e de jeito nenhum eu deixaria que o negativismo me impedisse de fazer isso. O Brasil ainda tem muitos desafios pela frente.  Por exemplo, o país ainda é muito homofóbico e as pessoas são mortas pelo simples fato de serem homossexuais. Eu tenho que usar a minha plataforma para compartilhar as minhas opiniões e promover as ideias corretas sobre igualdade e empoderamento”.

Qual é o seu conselho para as mulheres que não se sentem especialmente confiantes a respeito de si mesmas?
JANA: “Meu primeiro conselho seria: apliquem um batom vermelho! Eu uso batom vermelho quase o tempo todo e ele faz com que eu me sinta confiante. O segundo conselho seria o de conhecer-se melhor, ler muito e tentar sentir-se confortável com quem se é.  Caprichar na maquiagem, pois ela pode fazer com que a gente se sinta bonita, mas ela não é a única coisa a considerar. O mais importante é se manter saudável e ser uma boa pessoa”.

Você acha que as campanhas publicitárias da moda podem exercer um efeito negativo sobre as mulheres?
JANA: “O tempo todo! Estamos cercadas por imagens impossíveis de mulheres altas, magras e loiras, às vezes tomando cerveja ou comendo hambúrgeres! Desde que nascemos, nos dizem que temos que melhorar; que poderíamos fazer muito mais para nos tornarmos mais bonitas. A maioria de nós jamais será uma modelo de lingerie... Inúmeras amigas minhas que trabalham na moda acreditam que a única beleza é a da mulher branca e magra, e eu não poderia discordar mais".

“Eu já tive várias brigas com elas por que genuinamente não me identifico com a maioria das mulheres que vejo na moda.  Eu não quero ser como elas, eu quero ser como eu sou! Levei 30 anos para me dar conta disso e, por vezes, ainda tenho momentos em que fico de baixo astral a meu respeito, mas isso acontece cada vez menos, e eu quero dividir essa experiência com as outras mulheres".

“O que me faz lembrar, meu conselho final eu tiraria da fala de RuPaul em Drag Race: ‘se você não consegue se amar, como é que vai poder amar outra pessoa?'”