Misha Janette

A blogueira e estilista japonesa Misha Janette estabelece uma conexão entre as criativas capitais de Tóquio e Nova York.

EM GLOBAL HEROES, NÓS ENFOCAMOS ESTRELAS CELEBRADAS REGIONALMENTE QUE ESTÃO EXERCENDO IMPACTO GLOBAL.

A Internet vem ajudando a superar muitas barreiras, mas as diferenças de idioma ainda podem prejudicar a nossa compreensão da moda de diferentes partes do mundo. Nesse sentido, a blogueira bilíngue e estilista japonesa Misha Janette provou ser uma espécie de sensação global. Erguendo uma ponte entre as capitais da moda Tóquio e Nova York com os seus Tokyo Fashion Diaries em japonês e inglês, ela mantém o público em ambos os lados do Pacífico informado sobre os desenvolvimentos recentes mais inovadores no mundo da moda.

Como você começou a escrever sobre moda?
Eu comecei como jornalista. Eu estava escrevendo para o jornal The Japan Times e a CNN online. Isso foi logo em seguida ao terremoto de 2011 e a economia do mundo da moda (e o restante da economia também) estava realmente passando por uma fase ruim. Todos diziam que nada de bom tinha saído do Japão desde Yamamoto e Comme des Garçons, e eu não poderia discordar mais com essa afirmação. Mas não havia espaço suficiente no jornal para escrever sobre todos os maravilhosos novos estilistas que eu estava seguindo. Foi então que decidi criar um blog.

É fácil pensar que o estilo japonês é todo kawaii, mas isso é verdade?
A maioria de nós pensa em kawaii como "mimoso". Mas no Japão é um termo que se usa para tudo de que se gosta, ainda que essa coisa seja, na verdade, sanguinolenta e grosseira. É um dos muitos conceitos equivocados que eu espero que o meu blog ajude as pessoas a compreender. Por exemplo, eu acho que há uma percepção ocidental de que Harajuku tem a ver com a criação de uma persona drag, mas isso não é verdade. O estilo japonês muito raramente incorpora uma declaração política. Se você vê um gótico ou um punk, eles não são anti-establishment, eles simplesmente estão vestidos do jeito que gostam. Trata-se de um modo muito inocente de decorar o corpo.

De que modo os padrões de beleza diferem entre Nova York e Tóquio?
No Japão, o objetivo não é ser sexy. Temos uma percepção muito mais conservadora e recatada da beleza. Pupilas grandes são populares, assim como destacar as pálpebras inferiores, então nós destacamos a linha d'água e aplicamos sombras escuras no côncavo abaixo, que nós chamamos de “saco de lágrimas”, e isso passa a impressão de que você está um pouco cansada. Eu gosto de beleza, mas eu não falo muito sobre isso no meu blog por que não gosto de tirar fotos de perto do meu rosto. Mas eu amo a M·A·C e, especialmente, os batons Morange e Sin.

Em que marcas japonesas nós deveríamos prestar atenção?
Eu adoro a Anrealage. Eles desfilam em Paris, mas ainda são bem pequenos. Eles incorporam tecnologia e moda. É tudo bem teatral e avant-garde. Eles fazem coisas com tecidos que mudam de cor, por exemplo, e criam padrões a partir de diferentes ondas de luz.

Isso parece harmonizar com o seu estilo. Por que, em sua opinião, a moda japonesa é tão alegre e expressiva?
Os japoneses são tão polidos e gostam de guardar distância, de modo que se você usar algo que é extremo, pode estar certo de que as pessoas não vão dizer nada de desagradável. Eu me refiro a isso como a “taxa de criminalidade da moda”. Eu acho que o fato de ser muito baixa em Tóquio explica por que há tantas subculturas interessantes, como as lolitas, os góticos e os decoras.

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